domingo, 30 de novembro de 2014

POESIA... AFINAL PRA QUÊ?

Com a palavra o editor:
— Por ora não, por favor!
Poesia, nem pensar!
Não adianta enviar.
Aceite conselho sincero,
procure mudar de gênero,
biografia, autoajuda, romance,
talvez tenha maior chance.
Não julgue sermos uns brutos,
quem comanda é o mercado,
e para esse tipo de produto,
não tem jeito, fica tudo encalhado.
Exceção rara,
só se for autor muito consagrado.

O poeta tal desdita não abala.
Persevera em labor tão adverso,
voz das entranhas não se cala,
confia no valor do fazer versos.
Ignora da poesia a morte decretada
segundo o juízo do crítico badalado.
Segue arrancando do âmago da alma
amor, prazer, tristeza, dor, revolta, calma
para colocar em palavras ritmadas
ao dispor do coração da humanidade,
irrefreável impulso herança de remota antiguidade.


(do livro “Poesia... Afinal pra quê?”)

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