domingo, 27 de dezembro de 2015

PARA UM DIA SER PÓ

Nasce.
Leite papinha
pipi caquinha.

Cresce.
Refri X-burguer
xixi cocô.

Amadurece.
Chope picanha
mijo bosta.

(e se o câncer não levar antes)

Envelhece.
Xarope sopinha
urina fezes.

Morre.


(do livro “Poesia... Afinal pra quê?”)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

EVOLUCIONISMO OU CRIACIONISMO

          Caramba! A situação é complicada, mesmo! Assumir que viemos de uma ameba, como uns asseguram aconteceu, dá desconforto, apesar de explicar por que tanta coisa acontece do jeito que acontece. Ameba é um bicho que gosta de viver no intestino. Por outro lado, se a gente aceitar que foi feito de barro, como outros querem que a gente acredite, também não dá nenhum consolo. Afinal, o que se pode esperar de uma coisa que veio da lama?

(em “Crônicas Anacrônicas – Grotesca Filosofia Mediocridade Sublime” (inédito))

domingo, 13 de dezembro de 2015

PARODIANDO O ADÁGIO

Meu manequim é 44
tenho uma calça preta social
dada pela minha mulher que eu adoro
(a calça e a mulher).

Saímos de férias
parei de fazer ginástica
mergulhei de boca escancarada no maravilhoso mundo das massas das carnes
dos doces dos vinhos das cervejas dos aperitivos etc. etc. etc.

De volta aos compromissos dos neuróticos dias-a-dias
quis um dia vestir a dita calça preta que eu adoro
quem disse que eu nela cabia?

Não teve cristo que me fizesse entrar na maledetta
voltei aos exercícios diários, malhei com dedicação, fiz regime, fechei a boca gulosa
um mês depois aleluia quem disse que eu de novo nela não caberia?

Entrei até com certa folga dando risada.

Moral da história
um dia é da calça outro do calçador.


(do livro “Poesia... Afinal pra quê?”)

domingo, 6 de dezembro de 2015

FIM DA LUZ NO TÚNEL

Quando o fim estiver bem próximo, caso acontecer de uma luz se acender e iluminar o vazio de uma vida servida a uma causa inútil, imagino que seria bom não desesperar. De nada adiantaria então o desespero. O desespero só pioraria a agonia. Na verdade, nesse caso, creio, melhor mesmo seria que a tal luz permanecesse apagada. Pelo menos, é o que espero ocorra comigo.


(“Crônicas Anacrônicas – Grotesca Filosofia Mediocridade Sublime” – inédito)

domingo, 29 de novembro de 2015

domingo, 22 de novembro de 2015

Uma visão do espaço em CRIME E CASTIGO


      OBJETIVO

Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, publicado pela primeira vez, em folhetins, no periódico “Mensageiro Russo”, de janeiro a dezembro de 1866, é romance que exercita, com plenitude, a característica do autor, segundo o crítico russo Mikhail Bakhtin (1997: 28 – 29), de ver e pensar o mundo predominantemente no espaço e não no tempo.
O espaço no qual desenvolve-se a ação do romance é a cidade de Petersburgo, na Rússia tzarista, na época contemporânea à da elaboração da  obra. A cidade adquire papel relevante no suporte físico das ações das personagens, chegando quase até a constituir-se em personagem: “no romance, há centenas de  exemplos de como os objetos inanimados participam da ação, misturados àquele mundo de indigência e sofrimento, o mundo daquela Rússia sofredora...” (Schnaiderman, 1999: 186), enquanto o tempo, atualizado, adensa-se – è “o tempo de crise, no qual o instante se iguala aos anos, aos decênios e até a “um bilhão de anos”” (Bakhtin, 1997: 172). O tempo de transcurso do romance é de cerca de um mês: “Raskolnikov estava esgotado por aquele mês de sofrimento que...” (Dostoiévski, 1953: 526).
O objetivo do presente ensaio é proceder a uma análise de alguns aspectos do espaço, em Crime e Castigo, sob os seguintes pontos de vista: a) o quarto do protagonista – Raskolnikov; b) a promiscuidade do espaço; c) índices de espaço (função de insígnia): ponte – natureza – iluminação – cor amarela – escada; d) a circularidade interior – exterior.
O texto utilizado para a realização do ensaio foi o editado pela José Olympio (Dostoiévski, 1952 – 3) e todas as citações do mesmo, referem-se à essa edição, apontando-se as respectivas localizações dos trechos citados, pelas páginas em que os mesmos se inserem na obra.

      ANÁLISE

a)      o quarto do protagonista – Raskolnikov

Segundo Bakhtin (1997: 71 – 2), Dostoiévski não é escritor de ambientes familiares, nos quais “as pessoas vivem uma vida biográfica num tempo biográfico: nascem, passam pela infância e a adolescência, contraem matrimônio, têm filhos, envelhecem e morrem.”. O espaço de Dostoiévski é o limiar, o limite, a iminência da ruptura, o “ponto em que se dá a crise’. É assim, que Dostoiévski ambienta a moradia de Raskolnikov:

            “Numa dessas tardes mais quentes dos princípios de julho, um rapaz saía do pequeno quarto que alugara, no beco S.,...A água-furtada ficava no alto de uma casa enorme, de cinco andares, e parecia mais um armário do que um cômodo habitável.” (p.29).

A observação da mãe de Raskolnikov, logo após a chegada à Petersburgo:

            “ – Que cômodo feio é este, Rodia, parece um caixão, disse bruscamente Pulqueria Alexandrovna para romper o silêncio que pesava. Estou certa de que este quarto entra com cinqüenta por cento na tua neurastenia.” (p.279).

E Raskolnikov, respondendo sem nexo à Sonia:

            “ – Sim... sim... compreendo... sem dúvida... Está reparando no quarto: mamãe também acha que ele parece um túmulo.”  (p. 288).

Novamente a mãe após deixar o quarto do filho:

            “ – Meu Deus, Dunetchka, disse Pulqueria Alexandrovna assim que chegaram à rua, estou satisfeita por ter saído de lá. Respiro até melhor...” (p. 289).

E em seguida:

            “ – Fizemos bem em ter saído de lá nesse momento, observou vivamente Pulqueria Alexandrovna. Ele tinha pressa de sair para um encontro, a negócio... Para ele, será bom andar um pouco, tomar ares. A gente quase se sufoca naquele quarto.” (p. 290).

Raskolnikov, após confessar o crime à Sonia, acrescenta:

            “ – Então, enfurnei-me na minha toca, como a aranha no seu canto. Conheces minha baiuca, foste lá. Sabes, Sonia, que alma e espírito se asfixiam nos compartimentos estreitos e baixos? Oh! como detestava eu aquele antro. Entretanto, não queria sair dele, de propósito.” (p. 477).

Como observa Conradi (1988: 43) a cerca de Raskolnikov: “He lives in a tiny coffin-like of a room, whose claustrophobia seems a concrete metaphor for his state of mind.”. Neste ambiente claustrofóbico Raskolnikov atinge o limite da exasperação mental, que o coloca fora da realidade; o cubículo oprime-o a tal ponto que ele fica sem possibilidade de escapar de seu desespero (Conradi, 1998: 55).


b)      a promiscuidade do espaço

O cenário de Crime e Castigo é da Petersburgo dos meados do século
XIX, num mês de julho, sob um verão insuportável:

                        “Nas ruas fazia um calor asfixiante. O ar pesava, o povo se comprimindo por entre os andaimes, montes de cal, tijolos espalhados pelos cantos e, dominando tudo, o mau cheiro característico, tão familiar aos habitantes de Petersburgo... O insuportável bafo das tabernas, aliás tão freqüentes no quarteirão, e os beberrões... completavam o quadro horripilante e melancólico.” (p. 30).

            O apartamento em que habita Alena Ivanova, a velha usurária fica em:

                        “... um imenso edifício de alvenaria, cujas fachadas davam, uma para o canal e outra para a rua. Tal prédio, subdivido em vários pequenos alojamentos, era habitado por modestos oficiais de todos os ofícios, alfaiates, serralheiros, etc. Também havia ali cozinheiras, alemãs, prostitutas disfarçadas, pequenos funcionários.” (p. 32).

            Raskolnikov ao levar Marmeladov, bêbado, para casa observa:

                        “O cômodo estava abafado, mas Catarina não abria a janela. Vinham odores infectos da escada e ela nem se dava ao trabalho de fechar a porta do cubículo. E, afinal, a porta interior, simplesmente entreaberta, deixava entrar ondas espessas de fumaça de tabaco que lhe provocam a tosse, sem que se importasse de cerrá-la. A criança mais nova, uma garotinha de seis anos, dormia sentada no chão, o corpo meio torcido e a cabeça apoiada no sofá. O guri, um ano mais velho, tremia todo num canto e chorava. ... A mais velha, uma menina de nove anos, comprida e fina como um palito, vestia uma camisola toda furada.” (p. 56).

            O local do apartamento, alugado por Lujine, para a mãe e a irmã de Raskolnikov, nas palavras de Rasumikhine:

                        “ – É um lugar horroroso, sujo, fedorento, e por cima um lugar suspeito. Já se passaram feias histórias ali ... Só o diabo sabe que espécie de gente mora lá. Eu mesmo fui, ali, levado por um escândalo. Afinal, os quartos são baratos ...” ( p. 187).
           
            Svidrigailov comenta:

                        “... estou convencido de haver em Petersburgo muita gente que anda falando sozinha, alto. Encontram-se semiloucos, freqüentemente ... Dificilmente haverá lugar onde a alma humana esteja submetida a influências tão sombrias e estranhas.” (p. 528).

E, acrescenta:

                        “O povo dá-se a embriaguez: a mocidade culta estiola-se e afunda-se em sonhos irrealizáveis, perece em monstruosas teorias. Os judeus tudo invadiram, entesouram, escondem o dinheiro. Os outros entregam-se ao deboche. Eis o espetáculo que me ofereceu a cidade ao chegar; espalha cheiro de podridão.” (p. 542 – 3).

            No quarto do hotel, pouco antes de se suicidar, Svidrigailov:

                        “Acendeu a vela e pôs-se a examinar atentamente o quarto. Era uma verdadeira gaiola com uma janela, de teto baixo, em que um homem da altura de Svidrigailov mal podia ficar em pé. Além da cama, sujíssima, uma simples mesa de madeira pintada e uma cadeira enchiam o cômodo. As paredes pareciam de tábuas cobertas de uma tapeçaria tão empoeirada que era difícil adivinhar-lhe a primitiva cor.” (p. 566).

            Estes fragmentos indicam que a ambientação, de acordo com os conceitos de Osman Lins (1976:79 – 80; 82 – 83) é tanto franca, com a presença pura e simples do narrador, descrevendo o espaço, quanto reflexa, com o espaço sendo criado através do discurso de uma das personagens.
            Os exemplos mostram que onde quer que se vá, nos ambientes internos, nos ambientes externos, tudo é promiscuidade. Este espaço degradado leva as personagens, conforme as observações de Viviana Bosi, a uma condição desenraizada do ambiente em que vivem (habitam espeluncas alugadas, onde a qualquer momento podem ser mandados para o olho da rua) e tendem ao escapismo da realidade quer por via psíquica (loucura/alienação), quer por via química (alcoolismo) (Bosi, 2001).
            Segundo Leonid Grossman, em seu estudo sobre Dostoiévski (1967: 116) : “Crime e castigo é antes de tudo o romance da cidade grande do século XIX. O fundo, amplamente exposto, do centro capitalista determina o caráter dos dramas e conflitos. As tavernas e botequins, as casas de tolerância, os hotéis ordinários, as delegacias de polícia, a água-furtada do estudante e o apartamento da usurária, as ruas, os becos, os pátios e desvãos, a Sienaia (rua dos prostíbulos) e o “canal de esgoto”, tudo isto como que engendra o projeto criminoso de Raskolnikov e marca as etapas de sua complexa luta interior.”.


c)      índices de espaço (função de insígnia)

Osman Lins (1976: 73), citando M. Butor, aponta que a presença
de  objetos, nos cenários do romance, com determinadas características particulares funcionam como potentes “proliferadores de espaços” pois “Necessitamos pormenores, ... destinados a exercer uma função de insígnia.”.
            Em Crime e Castigo podem-se encontrar inúmeros referentes, que exercem essa função simbólica assinalada por Lins, constituindo-se em importantes índices de espaço, dentro do corpo da obra. A seguir, apresentam-se alguns desses índices.

c1) ponte – a presença do rio

            Peterburgo foi contruída sobre o pântano formado na desembocadura do rio Neva, no fundo do golfo da Finlândia. A cidade entrecortada pelo rio, possui inúmeras pontes. Dostoiévski lança mão do referente ponte em diversas cenas de Crime e Castigo, para assinalar a presença do Neva, na cidade:

                        “Raskolnikov foi direto à ponte. Chegando bem no meio, debruço-se no parapeito e começou a olhar, longe. ... Em seguida, começou a reparar nas águas  negras do canal e ficou parado, numa contemplação atenta. ... Voltou-se e viu uma mulher, coberta com um xale ... apoiou-se no parapeito, com o braço direito, levantou a perna direita, montou na grade e saltou no canal. A água suja borbulhou um momento, cobriu a suicida, mas logo ela flutuou...” (p. 211).

            Após sair do velório de Marmeladov:

                        “Raskolnikov deu nome, endereço e prometeu voltar no dia seguinte....Cinco minutos mais tarde, encontrava-se na ponte, justamente no lugar em que a mulher se jogara n’água.” (p. 235).

                        “Ficando sozinho (Raskolnikov), caiu como sempre em profunda abstração e, chegando à ponte, debruçou-se no parapeito e pôs-se a olhar fixamente a água do canal.” (p. 547).

O que passaria pela cabeça de Raskolnikov, em todos esses momentos, debruçado no parapeito da ponte e olhando fixamente as águas do rio? Muito provalvemente, o suicídio.

c2 ) natureza

            A presença da natureza em Crime e Castigo é muito restrita, tendo particular destaque o momento do pôr-do-sol.
            Quando Raskolnikov visita a velha usurária antes do crime:

                        “... e o sol posto iluminava a peça, naquele momento. “Nesse dia, o sol clareará, não há dúvida, do mesmo jeito” ...” (p. 35).

                        “Voltado para a água (Raskolnikov), olhava fixamente os reflexos rosados do crepúsculo, a linha das casas obscurecidas pelas sombras crepusculares e uma longínqua água-furtada, na margem esquerda do rio, parecia incendiada pelos fulgores de um último raio de sol que incidia sobre ela.” (p. 211).

            Na última noite de vida de Svidrigailov:

                        “Por volta das dez horas o céu cobriu-se de nuvens grossas e pretas. Desencadeou-se violenta tempestade. A chuva não caía em pingos, mas em verdadeiras catadupas que batiam no solo, fustigando-o. Enormes faíscas riscavam o céu. Svidrigailov chegou à casa, alagado. ... examinou-lhe com surpresa as roupas molhadas ... Às onze e vinte apresentou-se todo encharcado ...” (p. 562; 564).

Nas palavras de Rodolfo Pessanha (1981: 104): “... um banho purificador. Certamente, um novo batismo, dionisíaco e regenerador. São por demais evidentes as conotações insistentes do arquétipo água: as expressões “alagado”, “molhadas”, “chuva”, “encharcado”, “gotas”, “inundadas”, “empapados” etc., abundam no texto final.”.
            Já pagando sua pena, na Sibéria, Raskolnikov pode , enfim, longe da cidade opressora, sentir a liberdade, embora prisioneiro, com a natureza  invadindo-o, purificando-o:

                        “O dia estava ainda belo e quente. Às seis horas da manhã, ele foi à beira do rio ... sentou-se num montão de madeira  sobre a encosta e pôs-se a contemplar o rio, largo e deserto. Daquela margem elevada, descobria-se vasta extensão de terra. Da margem oposta e longínqua chegava um canto cujo eco ressoava no ouvido do prisioneiro. Na imensa estepe inundada de sol, apareciam aqui e ali, em pontos negros mal perceptíveis, as tendas dos nômades. Era a liberdade ...” (p. 612).

c3) iluminação

            Seguindo as palavras de Leonid Grossman (1967: 58 – 9): “Dostoiévski, que evitava em suas descrições cores vivas e abundantes, gostava dos efeitos abruptos de iluminação: os raios do ocaso, que lançavam sombras compridas, e o clarão passageiro das quimbas, iluminando rostos deformados pelo sofrimento e pelos vícios. ... Os raios oblíquos do poente.”, pôr-do-sol sempre tão presente, conforme analisado anteriormente. E, nos interiores, continua Grossman “ a iluminação rembrandtiana, da luta de luz e sombra, do clarão nas trevas.”.
            Raskolnikov, ao trazer Marmeladov bêbado para casa, observa Catarina Ivanovna:

                        “E aquele rosto transtornado de tísica produzia uma impressão desagradável à luz agonizante do toco de vela quase acabado, cujo trêmulo clarão o iluminava.” (p. 56).

            Após a leitura do Evangelho de São João, Sonia acrescenta:

                        “ – Acabou a ressurreição de Lázaro, disse depois, imóvel, sem ousar lançar um olhar a Raskolnikov. Seu tremor febril durava sempre. O coto de vela acabava de consumir-se no castiçal torcido, e iluminava fracamente aquele cômodo miserável, onde um assassino e uma prostituta se haviam tão estranhamente unido para lerem o Livro Eterno.” (p. 383).

c4) cor amarela

            Conradi, citando J. Jones, informa que a cor amarela tem uma forte conotação de sujeira para o povo russo (Conradi, 1988 50). Em Crime e Castigo pode-se apontar inúmeros referentes com essa cor:

1)      a ficha de prostituta (Conradi, 1988: 50);
2)      a pele da velha usurária (p. 35);
3)      o papel nas paredes de um pequeno quarto no apartamento da velha usurária (p. 35);
4)      o açúcar para adoçar o chá de Raskolnikov (p. 59);
5)      a estreita cela de Raskolnikov (p. 72);
6)      a medalhinha no pescoço da velha usurária, apenas assassinada (p.114);
7)      o copo e a água oferecidos a Raskolnikov na delegacia (p. 140);
8)      o rosto da mulher que se atira nas águas do Neva (p. 211);
9)      a tez do juiz de instrução Porfírio Petrovitch (p. 301);
10)  um divã no apartamento da velha usurária assassinada (p. 329);
11)  o papel nas paredes do aposento de Sonia (p. 368);
12)  a mobília do gabinete do juiz de instrução Porfírio Petrovitch (p. 387);
13)  a tapeçaria do quarto de Raskolnikov (p. 484);
14)  o rosto de Catarina Ivanovna morimbunda (p. 497);
15)  a cédula monetária dada por Svidrigailov a uma cantora de rua (p. 527);
16)  as pequenas residências próximas ao local onde Svidrigailov suicida-se (p. 572).

Dezesseis referentes em situações bem disfóricas, com a cor amarela, sugerindo a intenção de Dostoiévski, com esse procedimento, de acentuar a atmosfera promíscua do romance.

c5) escada
           
            Na afirmação de Antonio Candido (1993: 68), a escada é “um elemento importante na literatura, a partir da urbanização do século XIX que logo passou de traço realista a cenário fantástico e daí a espaço simbólico.”.
            No espaço degradado de Crime e Castigo é permanente a presença da escada. Raskolnikov ao visitar a velha usurária na véspera do crime:

                        “... galgou a escada da direita, estreita e escura ...” (p. 32);

E, após deixar o apartamento da velha:

                        “Uma escada saindo da calçada, levava ao subsolo onde ficava a tasca ... Raskolnikov desceu sem hesitar ... sentou num canto escuro e imundo, à beira da mesa poeirenta.” (p. 38).

            Raskolnikov levando Marmeladov, bêbado, para casa:

                        “Atravessaram o pátio e subiram ao quarto andar. A escada ficava cada vez mais escura. Eram quase  11 horas e se bem que, nesta época do ano, por assim dizer não houvesse noite em Petersburgo, o alto da escada estava mergulhado na mais completa escuridão.” (p. 55).

            Talvez, num dos momentos mais sublimes do romance, sublimidade leve, doce, franca (não a angustiada sublimidade do relacionamento com Sonia), Raskolnikov deixando o velório de Marmeladov:

                        “... despediu-se e começou a descer a escada.... No meio da escada, foi alcançado pelo padre que se ia embora. Afastou-se para deixá-lo passar....Descia os últimos degraus quando ouviu um passo apressado atrás de si ... Era Polenka. ... A menina continuava descendo ainda: parou um degrau acima do seu. Um raio de luz fragilíssimo vinha do pátio. ... a menina aproximou-lhe o rosto e ele viu que lhe oferecia um beijo. De repente seus bracinhos, magros como dois paus de fósforos, o enlaçaram com força, a cabeça infantil pendeu-lhe sobre os ombros e a guria começou a chorar, apertando-o contra si, cada vez mais.” (p. 234 – 5).

            Ainda Raskolnikov, entrando na delegacia para, finalmente, confessar o crime:

                        “A escada em caracol estava sempre coberta de lixo, tresandando a emanações infectas das cozinhas, cujas portas estavam abertas em cada patamar ... As pernas fugiam-lhe sob o corpo, impedindo- lhe avançar.” (p. 589).

            A escada “produto de uma transformação radical do espaço urbano” (Candido,1993: 69), ocorrida principalmente a partir do século XIX, cumpre, em Crime e Castigo, não só traço realista, como caracterizadora do espaço da cidade de Petersburgo, mas também, como criadora de espaço simbólico.
            “A escada é o símbolo por excelência da ascensão e da valorização, ligando-se à verticalidade.” (Chevalier, 1989: 378). Para Gaston Bachelard (1993: 36 – 7): “A verticalidade é proporcionada pela polaridade do porão e do sótão ... pode-se opor a racionalidade do teto à irracionalidade do porão ... ele (o porão) é a princípio o ser obscuro da casa ... Os andares elevados, o sótão, o sonhador os “edifica” e os reedifica bem edificados. Com os sonhos na altitude clara estamos, convém repetir, na zona racional dos projetos intelectualizados.”.
            Em Crime e Castigo , a escada leva aos subterrâneos, onde estão as tabernas imundas, ao “ser obscuro da casa”, nas palavras de Bachelard, mas na ascensão, com Dostoiévski, não há valorização, a polaridade porão – sótão, em termos de valor, não se concretiza, ambos se igualam na irracionalidade obscura. Na ascensão, a escada leva a cubículos abafados e infectos, não há sonhos na altitude, só pesadelos. Pelas escadas as pessoas abandonam suas moradias miseráveis e atingem as ruas, as praças, para se diluírem na chusma de  pobretões e bêbados.
            “A escada aparece como um símbolo do sobressalto, da perplexidade e dos pressentimentos tremendos.” (Grossman,1967: 157).


d)     a circularidade interior – exterior

Uma das características que se pode notar em Crime e Castigo é a circularidade das personagens, entendendo-se por circularidade a movimentação, a circulação das personagens, de espaços interiores para espaços exteriores e destes, novamente para espaços interiores. Sente-se um verdadeiro “entra-e-sai” de pessoas de cubículos, quartos, tabernas, delegacia, ruas e praças, num tempo adensado, transmitindo sensação de ritmo frenético, neurótico.
No interior, quase sempre cenas com muita carga emocional e elevada tensão psíquica. No exterior, tentativa de distensão que acaba resultando em cenas de escândalos e catástrofes. De acordo com Mikhail Bakhtin (1997: 128), este abrir-se público patético, nas cenas da obra de ficção, pode ser conceituado como o processo  de carnavalização da literatura, considerado pelo crítico russo, como de fundamental importância para o desenvolvimento do gênero romance, processo este, comprimido no tempo, mas não no espaço e que cria:”... a praça pública carnavalesca, ... do livre contato familiar e das cenas de coroações e destronamentos públicos.”.
Raskolnikov após ler a carta recebida de sua mãe  :

            “... sentiu o rosto molhado de lágrimas, ... estava pálido, a expressão convulsa, ... seu coração batia com mais força, a alma torturada sentiu-se sufocado nessa estreita cela amarelada ... Seus olhos, seu cérebro, clamavam por mais espaço. Tomou o chapéu e saiu ...” (p. 72).

Com a cabeça fervilhando, no boulevard K encontra uma adolescente completamente bêbada, seguida de perto por um homem de seus trinta anos, forte, gordo e vermelho. Tenta socorrer a mocinha, chama um policial para auxiliá-lo. Apesar da sua condição financeira lastimável, dá vinte copeques ao guarda para levar a menina para casa. A menina rejeita o socorro. Raskolnikov tem uma reviravolta completa de comportamento e desandando a rir grita para o policial deixar tudo do jeito que está. Andando a esmo atravessa uma das pontes do Neva e chega às ilhas. Entra numa taberna, bebe um copo de vodca e come alguns bolinhos de carne, acabando de comê-los novamente andando pelas ruas. Deixa o caminho principal, entra numa picada, cai na relva e dorme logo, tendo um sonho terrível (p. 79 – 87).
O jantar em homenagem ao morto Marmeladov começa com os preparativos em clima de aparente cordialidade, que rapidamente desaparece já nos primeiros instantes do rega-bofe. A presença inconveniente e mal-educada da gentalha do edifício, a ausência de alguns convidados considerados importantes, a implicância com Amália Feodorovna exaltam o ânimo de Catarina Ivanovna, a viúva e anfitriã. A tensão atinge o clímax com a desfaçatez aprontada por Lujine contra Sonia. Com o desmascaramento de Lujine, a discussão aquece-se, as duas “senhoras” engalfinham-se e a pobre viúva acaba sendo expulsa de casa. Catarina Ivanovna, tomada de loucura, perambula pelas ruas e praças, com seus três filhos pequenos, cantando, dançando, mendigando. Num lance grotesco sofre queda, é recolhida no cômodo de Sonia, onde morre pouco depois (p. 438 – 464, 482 – 483, 486 – 497).
Outros exemplos de circularidade:

1)      o atropelamento e morte de Marmeladov (p. 219 – 233);
2)      primeiro encontro de Raskolnikov com o juiz de instrução Porfírio Petrovitch (p. 296 – 325);
3)      segundo encontro de Raskolnikov com o juiz Porfírio (p. 385 – 415);
4)      terceiro encontro de Raskolnikov com o juiz Porfírio (p. 510 – 529);
5)      o suicídio de Svidrigailov (p. 561 – 575);
6)      a confissão de Raskolnikov, com a cena patética do beijo no chão da praça do Mercado (p. 584 – 594).

Nas palavras de Gaston Bachelard (1993: 215 – 6): “ O exterior e o interior formam uma dialética de esquartejamento, e a geometria evidente dessa dialética nos cega tão logo a introduzimos em âmbitos metafísicos ... a simples oposição geométrica se tinge de agressividade.”.
            Para Malcolm Jones (1990: 30), em Dostoiévski:” The result is violent oscillation, instability, threshold situations, a world and individuals poised on a knife-edge of viability and non-viability, almost real but not quite ... We see this oscillation ... internalized in the psychology of the Underground and typically externalized in the Dostoyevskian scandal scene.”. Estas situações de estados de tensão, em espaços fechados alternando-se com cenas públicas de escândalo, caracterizando a circularidade interior – exterior do romance, pode ser representada pelo esquema:
  
           No espaço interior geram-se condições para aumento da tensão emocional das personagens; este acúmulo de tensão impele as personagens para o espaço exterior em busca de distensão; nos espaços externos resultam cenas de escândalos ou de catástrofes (atropelamento, morte), a distensão é abortada, há nova interiorização e o ciclo é retomado. A ruptura deste círculo infernal só ocorre após a confissão de Raskolnikov e sua catarse na prisão.

     CONCLUSÃO

Para iniciar a conclusão deste ensaio, transcrevemos segmentos de um trecho do Bulletin de la Societé de Geografie (da França), inserido na Introdução Geral, da Obra Completa de Dostoiévski, por Nunes (1995:116 – 7), no qual é  feita uma descrição da Petersburgo, no século XIX, à época de Dostoiévski:
“A nova capital da Rússia cintila e brilha aos olhos do estrangeiro pela regularidade, o asseio e o comprimento das ruas, pela imensidade dos palácios, pela beleza das casas e pelos soberbos passeios de granito ... É para as ilhas que vão os mais ricos senhores ... Cortadas de canais, sulcadas sem cessar por barcos de cores variadas, unidas entre si por pontes elegantes, semeadas de cottages brilhantes de frescura e de graciosidade, estas ilhas, durante o mês de junho, em que a natureza despertando de repente parece querer compensar-se do seu longo silêncio, são bem a estância mais deliciosa que se pode sonhar sobre a terra ... Petersburgo é sem contradição, uma das cidades mais suntuosas da Europa (grifo meu).
E agora como é que ficamos com todo esse asseio, a beleza das casas, barcos coloridos, pontes elegantes, cottages cheios de frescura, após termos chafurdado na Petersburgo, imunda e degradada, de Crime e Castigo?
Ora, o ponto de vista do Bulletin é o da nobreza, da alta burguesia, que tinha olhos só para os palácios, os cottages, os barcos multicoloridos. Felizmente para seus leitores, Dostoiévski, não endossava esse ponto de vista. Dostoiévski enxergava o lado sórdido e imundo da cidade, e o revelou e o perenizou na sua obra. Os bairros pobres, ocupados pelo populacho, com seus becos e vielas em oposição aos soberbos passeios de granito; com seus canais de esgoto em lugar dos canais das ilhas, onde os ricos iam veranear, sulcados sem cessar por barcos coloridos; os edifícios ridículos, com suas pocilgas, suas tabernas promíscuas em contraste com a suntuosidade dos palácios. Dostoiévski, através do seu mundo ficcional, incita seus leitores a refletir de maneira mais abrangente.
A literatura tem o poder de criar a sua realidade mesmo que, citando Anatol Resenfeld (1996: 91), seja por meio da: “desrealização, abstração e desindividualização, ... (na) tentativa de superar a dimensão da realidade sensível para chegar, segundo as palavras do pintor expressionista Franz Marc, à “essência absoluta que vive por trás da aparência que vemos”.”, possibilitando ao leitor, não só o prazer estético da leitura, mas também o alargamento da sua visão de mundo.

     BIOGRAFIA SUCINTA

Nos sessenta anos em que viveu Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski, de 1821 a 1881, sua pátria, a Rússia, passou por importantes acontecimentos políticos, os quais deixaram  marcas na vida, e na obra do grande escritor, conforme apresentado por Natália Nunes (1995: 25 – 122). Aliados a esses fatores exógenos, fatores endógenos, de natureza familiar, de vida privada, também deixaram marcas indeléveis na personalidade do escritor, que  contribuíram para balizar sua conduta como homem e como artista.
            O triunfo da Rússia sobre Napoleão, em 1812, intensificou a aproximação com a Europa Ocidental, já iniciada no reinado do tsar Pedro I, o Grande ( 1682 – 1725). Essas tentativas de ocidentalização da Rússia, com influência particular da civilização francesa, sempre foram, contudo, superficiais. Desenvolveu-se um capitalismo incipiente, que deu origem a uma burguesia que não possuía o verdadeiro sentido de liberdade individual, incapaz de se opor eficientemente ao estado tsarista absolutista, fazendo com que as idéias do liberalismo ocidental se degenerassem em inúmeros movimentos políticos socialistas, anarquistas, niilistas que acabaram desaguando na revolução de 1917.
            Quando o tsar Nicolau I subiu ao trono, em 1825, encontrou oposição declarada dos ocidentalistas progressistas, que entendiam que a Rússia necessitava de uma reforma no estilo das reformas ocidentais trazidas no bojo da Revolução Industrial. Contudo, a burguesia russa era desprovida de força política. Também o proletariado era fraco e desorganizado. O poder econômico estava nas mãos de uma aristocracia rural, e o poder político nas mãos de ferro do tzar absolutista, apoiado no exército e na burocracia administrativa. De outro lado, havia os eslavófilos conservadores, que pretendiam reformas, mas dentro da ordem constituída, apoiadas nas fontes tradicionais russas.
            Dentro deste ambiente de agitação social, o jovem Dostoiévski, oscilava entre as duas correntes de pensamento. Estreou como escritor, em 1846, após exercer a profissão de engenheiro militar, desde sua formatura, em 1843, com o romance Pobre gente, recebendo muitos elogios da crítica conservadora ligada à aristocracia. Seus trabalhos imediatamente subsequentes foram, porém, rejeitados por essa mesma crítica, deixando no escritor o ranço do ressentimento, da vaidade ferida, da insociabilidade e da angústia. Acabou ligando-se, sem muita convicção, ao movimento progressista, sendo preso e condenado à morte, em 1849, juntamente com outros companheiros de conspiração. No último momento da execução , após a leitura da sentença de morte, por fuzilamento, de cada um dos condenados, tendo até já sido feita a leitura de um trecho da Bíblia, um ajudante de ordem veio a galope trazendo a ordem do tzar que desfazia a farsa grotesca -  comutação da pena para oito anos de degredo na Sibéria: quatro anos de trabalhos forçados na prisão, e quatro anos de serviço no exército da região. Estas dolorosas experiências influenciaram toda sua criação literária posterior, impregnando-a com situações nas quais os personagens desenvolvem sentimentos contraditórios de revolta, culpa, arrependimento, criminalidade, castigo.
        O período na prisão foi de intensos estudos dos Evangelhos (praticamente a única leitura que lhe era permitida), travando-se em seu íntimo um embate que o fazia oscilar entre  ateísmo e crença em Deus, embate que o perseguiu durante toda a vida. Via em Cristo o primeiro revolucionário social da história, um símbolo vivo, real, concreto da humanidade máxima do homem. Quanto a Deus, manteve-se dolorosamente na dúvida racionalista, em conflito permanente entre a razão que questiona e o sentimento que almeja amor fraternal e paz, situações bem ilustradas pelo jovem Dostoiévski, ateu, e o Dostoiévski no leito de morte lendo o Evangelho, bem como, pelo jovem arrogante e descrente Raskolnikov, contestando a crença religiosa, cheia de humildade, de Sonia, e o Raskolnikov, presidiário, que dormia com a Bíblia sob o travesseiro.
            O período siberiano provocou no Dostoiévski homem uma mudança radical em sua postura política, assumindo uma posição reacionária acirrada de defesa do absolutismo tsarista e dos valores tradicionais russos, atitude que nem sempre foi partilhada pelo Dostoiévski artista. Viu-se muitas  vezes às voltas com a censura às suas obras e às suas correspondências, até quase o fim da sua vida, e teve, durante muitos anos, após deixar a prisão, seus passos vigiados pela polícia.
            No âmbito familiar, a morte de seu pai, em 1839, quando ainda frequentava a Escola Militar de Engenharia, assassinado pelos próprios servos, na sua propriedade rural, foi o acontecimento mais importante de sua juventude ( Conradi, 1988: 7), e, num ensaio, Freud (1959: 299 – 318) apontou Dostoéviski como vítima de neurose histérica decorrência de sentimento de culpa diante do assassinato, por ter inconscientemente desejado a morte do pai, através do mecanismo de complexo de Édipo não resolvido na infância, e até acentuado posteriormente, pelo relacionamento afetivo insatisfatório entre pai e filho. Este sentimento de culpa seria a raiz de desejos de autopunição narcisista, que permearam pela vida do escritor, como por exemplo, sua conduta patológica compulsiva diante do jogo, que o arruinou, e  a sua família, financeira e moralmente, durante várias décadas de sua vida. Esse complexo criminoso, o sentimento de culpa, a necessidade de punição pela falta cometida e a expiação da pena como forma de atingir o perdão estão presentes nas obras mais importantes do escritor.
            Os anos finais da vida de Dostoiévski foram de tranquila respeitabilidade burguesa, tendo como artista conquistado a fama e o sucesso, porém, na maior parte de sua vida sentiu duramente na pele aquilo que aconselhara a um jovem poeta, que o procurara em busca de orientação artística: “ Para escrever bem é preciso sofrer, sofrer.”.  


Bibliografia

BACHELARD, G. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. Trad. Paulo Bezerra. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.
BOSI, V. Curso de introdução aos estudos literários: notas de aula. FFLCH-USP.
São Paulo, 2º semestre, 2001.
CANDIDO, A. “Degradação do espaço” in: O discurso e a cidade. São Paulo:
Duas Cidades, 1993.
CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de símbolos. Trad. Vera da
Costa e Silva e  outros. 2 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
CONRADI, P. Fyodor Dostoevsky: Londres: Macmillan, 1988.
DOSTOIEVSKI, F. M.” Crime e Castigo “ v. 6-7. Trad. Rosario Fusco in: Obras   
completas e ilustradas de Dostoievski. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952 e 1953, 15 v.
FREUD, S. “ Dostoiewsky e o parricídio “ v.7. Trad. Elias Davidovich et al. in: Obras
completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Delta, 1959, 10 v.
GROSSMAN, L. Dostoiévski artista. Trad. Boris Schnaiderman. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1967.
JONES, M. Dostoyevsky after Bakhtin: readings in Dostoyevsky’s fantastic realism. Cambridge: University Press, 1990.
LINS, O. Lima Barreto e o espaço romanesco. São Paulo: Ática, 1976.
NUNES, N. “ Introdução geral “ in: Fiódor M. Dostoiévski – obra completa. Trad.
Natalia Nunes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, 3 v.
PESSANHA, R. G. Dostoievski: ambigüidade e ficção. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1981.
ROSENFELD, A. Texto/Contexto I. São Paulo: Perspectiva, 1996.
SCHNAIDERMAN, B. “A São Petersburgo de Fiódor Dostoiévski” in: Ciências
& Letras – Revista da Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciências e
Letras – FAPA. Porto Alegre nº 25, 1999, p. 183 –186.

(em "Ensaios Desnecessários" - inédito)



domingo, 15 de novembro de 2015

HOMO dito SAPIENS

Os evolucionistas afirmam que as espécies se modificam pela acumulação de variações sucessivas consideradas favoráveis formando novas variedades ditas mais aperfeiçoadas que suplantam e exterminam as variedades mais antigas julgadas menos aperfeiçoadas.
Muito bem. Ao olhar para o que a espécie humana tem feito com o mundo, fico um tanto atrapalhado para entender os conceitos de variação favorável e variedade mais aperfeiçoada. Pelo menos para a espécie humana. Nesse caso, será que não teria sido preferível se continuasse macaco?


(em “Crônicas Anacrônicas” – inédito)

domingo, 8 de novembro de 2015

ÁLGEBRA SOCIAL

As quatro operações aritméticas da pobreza:
Multiplicação da miséria;
Divisão da fome;
Adição de desgraça;
Subtração de dignidade.

(do livro “Poesia... Afinal pra quê?”)