erro e acerto são conceitos
em que me aterro com desacerto
procurando entender a lógica
embutida nestes preceitos
posso aceitar a ideia precária
pra me ajudar na conduta diária
que erro se prejudico a mim ou a meu
semelhante sendo acerto o seu contrário
afirma o gasto clichê que
errar é próprio do humano
perdoar é um ato supimpa
vindo de cima dito divino
vai daí que pra fazer jus à raça
devo prejudicar a mim e a todos
a todo instante fonte de desgraça
me achando esperto os outros tolos
cabe aqui creio uma consideração
visando amenizar da vida a tensão
sem banalizar a conduta pobre
muito menos aquela que é nobre
apesar de todas minhas cagadas
vou tocar pra frente na estrada
evitando chafurdar no lodaçal
de tudo quanto causo de mal
visto que uma tal atitude
como sói acontecer amiúde
em nada contribuiria
pro caminho da alegria
erros que tenho cometido
moderem meu ser atrevido
para que possa ser amanhã
uma pessoa menos malsã
e toda vez que sentir feder
o mau cheiro da memória
vou relevar sem esquecer
que é parte da minha história
Você está em: Home » Arquivos de março 2020
domingo, 29 de março de 2020
domingo, 22 de março de 2020
Vaidade tudo vaidade
não há sabão bastante pra lavar toda esta imensa sujeira
que entretém o noticiário diário sobre esta fina gentalha
que translucidamente não larga do poder nem a porrada
isso não é coisa passageira é inerente à humana natureza
ser amiga fervorosa até os ossos da vaidade e da riqueza
porque aquilo que conta é a grana pois com ela tudo tá bacana
quanto ao povão na precisão que tome no redondinho quietinho
isso ninguém há de contestar nem criança em idade pré-escolar
se alguém pretender fazê-lo vai parecer que está fora do ar
por exemplo quando fico aqui dando panca de lúcido
jogando fora palavras inúteis pela brisa mal arrastadas
bocó acho que sei o que se passa com a desgraça alheia
escondido em falsa compaixão que o coração aligeira
nítido no duro tudo aceito e no conforto me esgueiro
que entretém o noticiário diário sobre esta fina gentalha
que translucidamente não larga do poder nem a porrada
isso não é coisa passageira é inerente à humana natureza
ser amiga fervorosa até os ossos da vaidade e da riqueza
porque aquilo que conta é a grana pois com ela tudo tá bacana
quanto ao povão na precisão que tome no redondinho quietinho
isso ninguém há de contestar nem criança em idade pré-escolar
se alguém pretender fazê-lo vai parecer que está fora do ar
por exemplo quando fico aqui dando panca de lúcido
jogando fora palavras inúteis pela brisa mal arrastadas
bocó acho que sei o que se passa com a desgraça alheia
escondido em falsa compaixão que o coração aligeira
nítido no duro tudo aceito e no conforto me esgueiro
domingo, 15 de março de 2020
Mera quimera
desocupado devagar divago
olho ao redor com visão cansada
e o que meu olhar enxerga
não consegue me dar alegria
na frente a sinistra concreta muralha
formada por tantos outros edifícios iguais
se exibe pela janela do apartamento apertado
disputando cada palmo de solo ou mais
no alto a nesga de céu empalidecido
pela fumaça que paira permanente
sobre nossas cabeças duras
cancerando nossos precários pulmões
embaixo a massa viscosa de veículos
cercada pelo formigueiro humano
entulha as ruas cobertas de detritos todos
tentando encontrar espaço para locomoção
e penso talvez este estado de espírito pessimista
deva ser próprio da velhice
tendo alcançado provecta idade
tendo a encarar tudo com rabugice
todavia como acreditar que a ampliação do
conhecimento alcançado em todos os cantos
escarafunchados pela espécie humana é um bem
se ele nos proporciona em grosso esse tipo de vida
e me vem o desejo de gritar em alto brado
assim não dá mais a terra chora suas perdas
é preciso urgente acabar com tal loucura
estamos todos indo pro fundo do abismo
porém me calo não digo nada bobagem
pretender mudar o mundo com vazias
palavras quem me dera eu ridículo vendo a
vida escoar mal dando conta das minhas dores
olho ao redor com visão cansada
e o que meu olhar enxerga
não consegue me dar alegria
na frente a sinistra concreta muralha
formada por tantos outros edifícios iguais
se exibe pela janela do apartamento apertado
disputando cada palmo de solo ou mais
no alto a nesga de céu empalidecido
pela fumaça que paira permanente
sobre nossas cabeças duras
cancerando nossos precários pulmões
embaixo a massa viscosa de veículos
cercada pelo formigueiro humano
entulha as ruas cobertas de detritos todos
tentando encontrar espaço para locomoção
e penso talvez este estado de espírito pessimista
deva ser próprio da velhice
tendo alcançado provecta idade
tendo a encarar tudo com rabugice
todavia como acreditar que a ampliação do
conhecimento alcançado em todos os cantos
escarafunchados pela espécie humana é um bem
se ele nos proporciona em grosso esse tipo de vida
e me vem o desejo de gritar em alto brado
assim não dá mais a terra chora suas perdas
é preciso urgente acabar com tal loucura
estamos todos indo pro fundo do abismo
porém me calo não digo nada bobagem
pretender mudar o mundo com vazias
palavras quem me dera eu ridículo vendo a
vida escoar mal dando conta das minhas dores
domingo, 8 de março de 2020
Matadouro
um boi a mais nesta longa estrada
sigo dentre bilhões de outros bois
sabendo aonde vai dar a estrada
melhor não ligar se ajeita depois
por ela já passaram tantas rodas
muito antes de meus cabelos brancos
de agora e continuarão a passar novas rodas
seria bom se o mundo terminasse em barranco
entrementes um dia é sempre diferente
do outro aquilo que nossos avós faziam
antigamente por certo era bem diferente
de como se vive hoje só o fim é igual diriam
sigo dentre bilhões de outros bois
sabendo aonde vai dar a estrada
melhor não ligar se ajeita depois
por ela já passaram tantas rodas
muito antes de meus cabelos brancos
de agora e continuarão a passar novas rodas
seria bom se o mundo terminasse em barranco
entrementes um dia é sempre diferente
do outro aquilo que nossos avós faziam
antigamente por certo era bem diferente
de como se vive hoje só o fim é igual diriam
domingo, 1 de março de 2020
Manhã sem ar
prisioneiro nesta carcomida carcaça de mim
dou uma parada no caminho aqui pelo meio
do lixo não reciclável recolho bola de cristal
com a óbvia intenção de saber qual meu fim
encerrado neste nojento curral de chão batido
limitado espaço a gado a espera de ser abatido
plausivelmente dentre o grupo dos não inocentes
tenho como companheiras inseparáveis moscas
não adianta mandar sacerdote trazendo extrema-unção
de antemão adianto não vou me fingir de arrependido
justamente eu que fui cem por cento do tempo enganado
como mais um ilustre viageiro bocó em busca do eldorado
em vista disso a partir de agora vou parar de andar de carro
andarei de bicicleta pelo corredor de ônibus cuspindo catarro
me imiscuo na multidão passo por outro vilão sem dificuldade
porque deveras sou arrogante me faço de completo ignorante
das desditas sofridas por mim e todos os meus semelhantes
deste nosso bando de humilhados espalhados pela cidade
pena não aceitar como sugestão de pena punhal
cravado no peito muito menos pedrada na cara
dou preferência a revólver com bala encontrada
tenazes nos bagos não por favor não acho legal
ter um fim decente como merecem alimárias quaisquer
tais pombas piolhentas pululando a metrópole é a meta
ou também por exemplo os restos de melancias na feira
enfim como todo vivente dependente de oxigênio quer
considero que seja justo talvez ter ao menos esse direito
razão pela qual o digo com transparência quase perfeita
enquanto isso permaneço nesta casa assombrada
embora fique num beco sem saída
aqui o terror não tem entrada
apenas de vez em quando o bem pelo mal é superado
se um ou outro transeunte passante diante da porta
exprimisse olhares incompreensivos em cara torta
devido à ausência de luz do crepúsculo ao amanhecer
se visse o preço do quilovate hora iria compreender
já estou acostumado sequer me sentiria surpreendido
caso numa noite dessas uma daquelas bem escura
a morte viesse à minha procura
e ao nascer do sol fosse encontrado no chão estendido
nem alegre nem triste sem piedade ou dó
rijo e só
dou uma parada no caminho aqui pelo meio
do lixo não reciclável recolho bola de cristal
com a óbvia intenção de saber qual meu fim
encerrado neste nojento curral de chão batido
limitado espaço a gado a espera de ser abatido
plausivelmente dentre o grupo dos não inocentes
tenho como companheiras inseparáveis moscas
não adianta mandar sacerdote trazendo extrema-unção
de antemão adianto não vou me fingir de arrependido
justamente eu que fui cem por cento do tempo enganado
como mais um ilustre viageiro bocó em busca do eldorado
em vista disso a partir de agora vou parar de andar de carro
andarei de bicicleta pelo corredor de ônibus cuspindo catarro
me imiscuo na multidão passo por outro vilão sem dificuldade
porque deveras sou arrogante me faço de completo ignorante
das desditas sofridas por mim e todos os meus semelhantes
deste nosso bando de humilhados espalhados pela cidade
pena não aceitar como sugestão de pena punhal
cravado no peito muito menos pedrada na cara
dou preferência a revólver com bala encontrada
tenazes nos bagos não por favor não acho legal
ter um fim decente como merecem alimárias quaisquer
tais pombas piolhentas pululando a metrópole é a meta
ou também por exemplo os restos de melancias na feira
enfim como todo vivente dependente de oxigênio quer
considero que seja justo talvez ter ao menos esse direito
razão pela qual o digo com transparência quase perfeita
enquanto isso permaneço nesta casa assombrada
embora fique num beco sem saída
aqui o terror não tem entrada
apenas de vez em quando o bem pelo mal é superado
se um ou outro transeunte passante diante da porta
exprimisse olhares incompreensivos em cara torta
devido à ausência de luz do crepúsculo ao amanhecer
se visse o preço do quilovate hora iria compreender
já estou acostumado sequer me sentiria surpreendido
caso numa noite dessas uma daquelas bem escura
a morte viesse à minha procura
e ao nascer do sol fosse encontrado no chão estendido
nem alegre nem triste sem piedade ou dó
rijo e só
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