domingo, 26 de dezembro de 2021

Ser trivial

balanço bambo na corda da mentira

à vontade sem sentimento de dúvida

ignoro essa coisa de consciência

todavia faço o tipo de pessoa tímida


lascivo por natureza

ciumento por insegurança

cobiçoso por desmesura

no festival social me fantasio com manto de monge


devoto a satã acendo velas a deus 

meu bico não fica calado para uma boa maledicência

contudo bem depressa pego leve 

quando ouço tilintar de esporas


nunca gozei das alegrias

que dizem desfrutar os amantes

na plenitude do amor

sem vergonha de sentir felicidade

domingo, 19 de dezembro de 2021

Ser cocô

grotesco 

afundando nas profundezas 

de flutuantes enigmas 

permanentemente

mantém seu espírito espúrio 


arrogante

tornando presente todo mal

num rosto sombrio

amiúde

estampa olhar de desprezo  


egoísta

voltando as costas ao mundo

ensimesmado pronto para o bote

incessante

se abriga sob a própria sombra


alma tensa

buscando ser generoso consigo mesmo

como desesperado derradeiro gesto

às vezes 

tenta sorrir quase sempre com indiferença 

 

domingo, 12 de dezembro de 2021

Ser superficial

como somos

quase tudo 

depende

dos cromossomos

dos pais da gente


como somos

porém contudo 

também depende 

do anseio grave ou agudo

que veio de permeio


como somos

nem tão somente

disso depende

pois o meio

causa seu efeito


malfeito ou não

quiçá daí 

resulte então 

o que foi feito

como somos

domingo, 5 de dezembro de 2021

Sem solução

ninguém há de negar a magnificência da natureza

mesmo o mais obtuso caso a observe se fascina

a tal ponto servir de inspiração pra noção divina

na arte referência permanente de ideal de beleza


e nós somos parte dela mas agindo sem  surpresa

do alto da inteligência que julgamos nos ilumina

pra variar o tema adotamos conduta assaz mofina

a destruímos sem piedade típica postura burguesa


somos espécie por ambição sem limite seduzida

nossa meta maior conquistar o máximo de favores

e ao destruir a natureza destruímos a própria vida


vida é natureza e dela sendo o predador eterno

com prepotência provocamos ainda mais dores

com arrogância ampliamos nosso imenso inferno