não cessa a publicação dos proclamas
do casamento da alegria com o triste
eterna união destinada às chamas
da mundana vaidade que persiste
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não cessa a publicação dos proclamas
do casamento da alegria com o triste
eterna união destinada às chamas
da mundana vaidade que persiste
cadê o céu azul limpinho que estava aqui
o homem bicho fez fedorento cinza fumarento
que bafeja calor calcinador do planeta
cadê a floresta verdinha viçosa que estava aqui
o homem bicho fez pasto pra bife comedor de capim
que aniquila vidas valiosas da flora e da fauna nativas
cadê o rio caudaloso piscoso que estava aqui
o homem bicho fez putrefato esgoto
que assombra a saúde e a sede da gente
cadê o homem humano que devia estar aqui
o homem bicho comeu...
agora vamos brincar de era uma vez
esquecer as infaustas horas soturnas
e estampar arremedo de alegria na tez
lugar comum de expressões taciturnas
pensemos em nossa boa
educação e excelente saúde
por podermos beber da
fonte da eterna juventude
por respirar só
saudáveis ares marítimos
dançar no embalo de
agradáveis ritmos
ouvir sempre o som da
mais bela cantiga
fazendo de conta que
somos gente amiga
longe vai a alvorada
momento sublime do renascer da luz
fugidia ilusão de nova esperança
para além do inalcançável
a alegria sempre tão esquiva
dá lugar às eminências do sofrimento
teimoso em ficar bem próximo
para o assalto do peito no fundo
pensamentos sem começo nem fim
se misturam ao rodopio do vento
que sacoleja a vidraça do quarto
anunciando a vinda da tempestade