domingo, 27 de dezembro de 2015

PARA UM DIA SER PÓ

Nasce.
Leite papinha
pipi caquinha.

Cresce.
Refri X-burguer
xixi cocô.

Amadurece.
Chope picanha
mijo bosta.

(e se o câncer não levar antes)

Envelhece.
Xarope sopinha
urina fezes.

Morre.


(do livro “Poesia... Afinal pra quê?”)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

EVOLUCIONISMO OU CRIACIONISMO

          Caramba! A situação é complicada, mesmo! Assumir que viemos de uma ameba, como uns asseguram aconteceu, dá desconforto, apesar de explicar por que tanta coisa acontece do jeito que acontece. Ameba é um bicho que gosta de viver no intestino. Por outro lado, se a gente aceitar que foi feito de barro, como outros querem que a gente acredite, também não dá nenhum consolo. Afinal, o que se pode esperar de uma coisa que veio da lama?

(em “Crônicas Anacrônicas – Grotesca Filosofia Mediocridade Sublime” (inédito))

domingo, 13 de dezembro de 2015

PARODIANDO O ADÁGIO

Meu manequim é 44
tenho uma calça preta social
dada pela minha mulher que eu adoro
(a calça e a mulher).

Saímos de férias
parei de fazer ginástica
mergulhei de boca escancarada no maravilhoso mundo das massas das carnes
dos doces dos vinhos das cervejas dos aperitivos etc. etc. etc.

De volta aos compromissos dos neuróticos dias-a-dias
quis um dia vestir a dita calça preta que eu adoro
quem disse que eu nela cabia?

Não teve cristo que me fizesse entrar na maledetta
voltei aos exercícios diários, malhei com dedicação, fiz regime, fechei a boca gulosa
um mês depois aleluia quem disse que eu de novo nela não caberia?

Entrei até com certa folga dando risada.

Moral da história
um dia é da calça outro do calçador.


(do livro “Poesia... Afinal pra quê?”)

domingo, 6 de dezembro de 2015

FIM DA LUZ NO TÚNEL

Quando o fim estiver bem próximo, caso acontecer de uma luz se acender e iluminar o vazio de uma vida servida a uma causa inútil, imagino que seria bom não desesperar. De nada adiantaria então o desespero. O desespero só pioraria a agonia. Na verdade, nesse caso, creio, melhor mesmo seria que a tal luz permanecesse apagada. Pelo menos, é o que espero ocorra comigo.


(“Crônicas Anacrônicas – Grotesca Filosofia Mediocridade Sublime” – inédito)