não há como conter o espanto
diante da maravilhosa selvageria da civilização
num avanço alucinado levando tudo de roldão
conquistando conhecimentos inimagináveis
responsáveis por tantos benefícios
causadores de outros tantos ou mais malefícios
erguendo obras monumentais
e destruindo impiedosamente o meio ambiente
poucos se apossando de riqueza e poder descomunais
milhões sendo tão miseráveis
sequer considerados pobres
poucos saciando o estômago com fartura
até jogando comida boa fora
milhões morrendo de fome
enquanto o destino humano
se emaranha num novelo indestrinçável
todos desesperados subjugados à matéria impura
sem esperança de cura
os laços da verdadeira solidariedade
teimam em não se consolidar
e seguimos fartos de desamores