Era uma vez numa floresta distante
no Reino do Faz-de-Conta um elefantinho cinza muito curioso chamado Eilá. Um
dia Eilá levantou bem cedinho, lavou o rosto com a tromba na água fria da lagoa, comeu umas folhas verdes e pediu para a mamãe
Elefanta deixá-lo passear pela floresta. Como passear por aquela floresta não
era perigoso Dona Elefanta deixou, mas recomendou para o filho mesmo assim
tomar cuidado e não voltar tarde para casa. Eilá saiu então caminhando pela
floresta adentro. Ele estava muito curioso para saber uma coisa que há bastante
tempo vinha pensando nela: Qual era a cor do amor? Ele queria perguntar para os
outros bichos para ver se eles lhe davam uma boa resposta.
O primeiro que Eilá encontrou foi
seu avô Elefantão que estava deitado numa poça de lama curtindo sua
aposentadoria. O elefantinho cinza perguntou:
—
Vô Elefantão, o senhor sabe qual é a cor do amor? Será que ele é verde?
— Não sei não, meu netinho! Sei que
verde é a cor do capim na época das chuvas. Talvez o amor seja azul — respondeu
carinhosamente o avô.
Eilá continuou seu caminho.
Encontrou o tigre Tigrado que estava esparramado na sombra de uma árvore
esperando o dia refrescar para ir caçar.
O elefantinho cinza perguntou:
— Senhor tigre Tigrado, o senhor
sabe qual é a cor do amor? Será que ele é azul?
— Não sei, não, elefantinho! Sei que
azul é a cor do céu em dia que não tem nuvem. Talvez o amor seja amarelo —
respondeu o tigre.
Eilá continuou seu caminho.
Encontrou o leão Leôncio que estava esticado em cima de uma pedra repousando
depois de tanto caçar. O elefantinho cinza perguntou:
— Senhor leão Leôncio, desculpe
atrapalhar seu sossego, mas o senhor sabe me dizer qual é a cor do amor? Será
que ele é amarelo?
O leão Leôncio, cansado da caça,
abriu bem devagar um olho, bocejou e falou:
— Não sei, não, elefantinho! Amarelo
é este sol quente. Vai ver que o amor é vermelho. — Fechou o olho e voltou a
dormir.
Eilá continuou andando pela
floresta. Encontrou a girafa Gira que girava o pescoço comprido num galho de
árvore pra se coçar.
— Bom dia, Dona girafa Gira! Por
acaso, a senhora saberia me dizer qual é a cor do amor? Seria ele vermelho?
— Vermelha é a cor do sangue,
querido elefantinho cinza! — respondeu a girafa Gira e parando de se coçar
ficou uns instantes pensando e completou — O amor é tão bonito que só pode ser
cor-de-rosa!
Eilá continuou a andar. Anda pra cá,
anda pra lá, anda pra todo lugar; as horas foram passando e nada de uma boa
resposta encontrar. Lá pelo fim da tarde encontrou uma manada de zebras bebendo
água na beira do lago e foi logo
perguntando pra zebra mais velha:
— Dona Zebrina, boa tarde! Por
favor, a senhora saberia me dizer qual é a cor do amor? Seria o amor
cor-de-rosa?
Ao que Dona Zebrina arrepiando as
listras do corpo respondeu:
—
Cor-de-rosa é a cor da rosa. A cor do amor... Hum... O amor talvez seja
branco como minhas listras brancas ou então negro como minhas listras negras!
Eilá, cansado, depois de ter andado
pela floresta o dia todo, e desanimado por não ter obtido uma resposta
satisfatória para sua pergunta, vendo o dia escurecer com a chegada da noite
lembrou a recomendação da mãe e chispou para casa. Ao chegar encontrou papai
Elefante conversando animadamente com mamãe Elefanta. De quando em quando os
dois trocavam meigos olhares, sorriam um para o outro e se encostavam
carinhosamente as pontas das trombas.
Papai Elefante vendo a cara triste
do filho indagou o que estava acontecendo. Eilá contou:
— Estou aborrecido, papai, porque
andei o dia inteiro pela floresta perguntando pra todo mundo qual é a cor do
amor, mas ninguém soube me responder direito.
— Ora meu filho, é porque o amor pode ter
muitas cores. Verde da esperança. Azul da serenidade. Amarelo como o fogo.
Vibrante como o vermelho. Suave como o rosa. Pode ser branco como a paz. Escuro
como um buraco profundo. Quem tem amor no coração enxerga a vida toda
colorida! — assim falou papai Elefante.
— É isso mesmo — confirmou mamãe
Elefanta.
E os
três se juntaram pertinho num apertado abraço de tromba colorido como o
arco-íris!(essa e outras fábulas podem ser encontradas no livro "54 histórias que minha avó contava na kombi")