domingo, 27 de julho de 2014

A COR DO AMOR


            Era uma vez numa floresta distante no Reino do Faz-de-Conta um elefantinho cinza muito curioso chamado Eilá. Um dia Eilá levantou bem cedinho, lavou o rosto com a tromba  na água fria da lagoa,  comeu umas folhas verdes e pediu para a mamãe Elefanta deixá-lo passear pela floresta. Como passear por aquela floresta não era perigoso Dona Elefanta deixou, mas recomendou para o filho mesmo assim tomar cuidado e não voltar tarde para casa. Eilá saiu então caminhando pela floresta adentro. Ele estava muito curioso para saber uma coisa que há bastante tempo vinha pensando nela: Qual era a cor do amor? Ele queria perguntar para os outros bichos para ver se eles lhe davam uma boa resposta.  
            O primeiro que Eilá encontrou foi seu avô Elefantão que estava deitado numa poça de lama curtindo sua aposentadoria. O elefantinho cinza perguntou:
            —  Vô Elefantão, o senhor sabe qual é a cor do amor? Será que ele é verde?
            — Não sei não, meu netinho! Sei que verde é a cor do capim na época das chuvas. Talvez o amor seja azul — respondeu carinhosamente o avô.
            Eilá continuou seu caminho. Encontrou o tigre Tigrado que estava esparramado na sombra de uma árvore esperando o dia  refrescar para ir caçar. O elefantinho cinza perguntou:
            — Senhor tigre Tigrado, o senhor sabe qual é a cor do amor? Será que ele é azul?
            — Não sei, não, elefantinho! Sei que azul é a cor do céu em dia que não tem nuvem. Talvez o amor seja amarelo — respondeu o tigre.
            Eilá continuou seu caminho. Encontrou o leão Leôncio que estava esticado em cima de uma pedra repousando depois de tanto caçar. O elefantinho cinza perguntou:
            — Senhor leão Leôncio, desculpe atrapalhar seu sossego, mas o senhor sabe me dizer qual é a cor do amor? Será que ele é amarelo?
            O leão Leôncio, cansado da caça, abriu bem devagar um olho, bocejou e falou:
            — Não sei, não, elefantinho! Amarelo é este sol quente. Vai ver que o amor é vermelho. — Fechou o olho e voltou a dormir.
            Eilá continuou andando pela floresta. Encontrou a girafa Gira que girava o pescoço comprido num galho de árvore pra se coçar.
            — Bom dia, Dona girafa Gira! Por acaso, a senhora saberia me dizer qual é a cor do amor? Seria ele vermelho?
            — Vermelha é a cor do sangue, querido elefantinho cinza! — respondeu a girafa Gira e parando de se coçar ficou uns instantes pensando e completou — O amor é tão bonito que só pode ser cor-de-rosa!
            Eilá continuou a andar. Anda pra cá, anda pra lá, anda pra todo lugar; as horas foram passando e nada de uma boa resposta encontrar. Lá pelo fim da tarde encontrou uma manada de zebras bebendo água na beira do lago  e foi logo perguntando pra zebra mais velha:
            — Dona Zebrina, boa tarde! Por favor, a senhora saberia me dizer qual é a cor do amor? Seria o amor cor-de-rosa?
            Ao que Dona Zebrina arrepiando as listras do corpo respondeu:
            —  Cor-de-rosa é a cor da rosa. A cor do amor... Hum... O amor talvez seja branco como minhas listras brancas ou então negro como minhas listras negras!
            Eilá, cansado, depois de ter andado pela floresta o dia todo, e desanimado por não ter obtido uma resposta satisfatória para sua pergunta, vendo o dia escurecer com a chegada da noite lembrou a recomendação da mãe e chispou para casa. Ao chegar encontrou papai Elefante conversando animadamente com mamãe Elefanta. De quando em quando os dois trocavam meigos olhares, sorriam um para o outro e se encostavam carinhosamente as pontas das trombas.
            Papai Elefante vendo a cara triste do filho indagou o que estava acontecendo. Eilá contou:
            — Estou aborrecido, papai, porque andei o dia inteiro pela floresta perguntando pra todo mundo qual é a cor do amor, mas ninguém soube me responder direito.
            —  Ora meu filho, é porque o amor pode ter muitas cores. Verde da esperança. Azul da serenidade. Amarelo como o fogo. Vibrante como o vermelho. Suave como o rosa. Pode ser branco como a paz. Escuro como um buraco profundo. Quem tem amor no coração enxerga a vida toda colorida!   — assim falou papai Elefante.
            — É isso mesmo — confirmou mamãe Elefanta.
            E os três se juntaram pertinho num apertado abraço de tromba colorido como o arco-íris!

(essa e outras fábulas podem ser encontradas no livro "54 histórias que minha avó contava na kombi")