tomo-te tua boca de seda
sobre minha áspera boca
e quisera ter-te tomado bem antes
muito antes do agora tempo fugidio
e só pude tomar-te agora tão tarde
mas tomo antes agora do que nunca
tomo-te teu corpo de amante
sobre meu letárgico corpo
e quisera ter-te tomado bem antes
antes mesmo do início sempre
e só pude tomar-te agora tão tarde
mas tomo isso agora é o que importa
toma-me cola tua pele na minha
crava tuas mãos em meus músculos
faze meu corpo teu corpo
respira por mim meu sopro
alimenta meu ser com o leite
de tuas entranhas
toma-me ordena-me viver
faze-me rochedo imenso a teu lado
e deglute minha rude carnadura
antes que ela se faça dura agonia
e se desfaça em morte escura
agora que a vida se derrama encantada sobre nós