domingo, 27 de agosto de 2017

Antes agora


tomo-te tua boca de seda

sobre minha áspera boca

e quisera ter-te tomado bem antes

muito antes do agora tempo fugidio

e só pude tomar-te agora tão tarde

mas tomo antes agora do que nunca


tomo-te teu corpo de amante

sobre meu letárgico corpo

e quisera ter-te tomado bem antes

antes mesmo do início sempre

e só pude tomar-te agora tão tarde

mas tomo isso agora é o que importa


toma-me cola tua pele na minha

crava tuas mãos em meus músculos

faze meu corpo teu corpo

respira por mim meu sopro

alimenta meu ser com o leite

de tuas entranhas


toma-me ordena-me viver

faze-me rochedo imenso a teu lado

e deglute minha rude carnadura

antes que ela se faça dura agonia

e se desfaça em morte escura

agora que a vida se derrama encantada sobre nós

Nenhum comentário:

Postar um comentário