no gozo de plena decrepitude
acha-se perdido num labirinto imaginário
que derrapa na curvatura obscura do espaço tempo
estático porém na concretude do cubículo
com a complexidade geométrica de um ovo
não repara que o velho espelho na parede defronte
não reflete mais o mesmo rosto de agora há pouco
sempre sobreposto à inescrutável alma solitária
máscara que a monotonia cotidiana lavra
o burburinho da rua lá embaixo acompanhado
de mosquitos invadem pela janela o aposento único
entrementes observa indiferente
a tarde que vai tarde
além daquela porta
ninguém esquecerá o que nunca foi
lembrado em tantos anos acumulado
logo a lâmpada elétrica dará
olhos à noite que se aproxima
no minúsculo retângulo
palco da patética épica
do utópico planeta ridículo
inventado em sonhos loucos
lugares onde jamais pisaram pés humanos
a penumbra que cai sobre a cidade
também penetra pouco a pouco
ninguém se surpreenderá
na hipótese remota de olhar
se não enxergar nenhuma estrela no céu
Nenhum comentário:
Postar um comentário