domingo, 21 de junho de 2015

POR FAVOR, OBRIGADO

        As palavras que nós falamos moram todas dentro da nossa boca. Quanto mais usamos uma palavra mais forte ela fica. Se usamos pouco ou não usamos uma palavra ela vai ficando fraca e pode até morrer.
Foi o que aconteceu com um menino que nunca pedia, por favor, as coisas que ele queria nem agradecia com, obrigado, quando alguém fazia algum favor para ele. Por isso todo mundo dizia que ele era mal-educado. O Por Favor e o Obrigado do menino por que não eram usados foram ficando cada vez mais e mais fraquinhos.
            Uma noite quando o menino dormia de boca aberta o seu Por Favor e o seu Obrigado saíram lá de dentro e começaram a chorar em cima do travesseiro.  
            O Anjo Azul, que sempre ficava por ali para proteger o menino, viu o Por Favor e o Obrigado chorando em cima do travesseiro e perguntou:
            — O que acontece com vocês que estão tristes deste jeito?
            — Ah! Anjo Azul — disse o Por Favor — este menino nunca usa nem a mim que sou o Por Favor nem ao meu amigo aqui o Obrigado, por isso nós estamos fraquinhos deste jeito acho até que nós vamos morrer. É por isso que nós estamos chorando de tristeza.
            — É sim, confirmou o Obrigado.
            — Hum... vou dar uma ideia para vocês, disse o Anjo Azul. Toda vez que o menino  deixar de falar você, Por Favor e, você Obrigado, vocês dão um pequeno beliscão na língua dele. Aí ele vai abrir a boca de susto e vocês podem sair. Quanto mais vocês saírem mais fortes vão ficar até o dia que conseguirão sair normalmente sem precisar dar nenhum beliscão.
            O Anjo Azul continuou por ali tomando conta do menino e o Por favor e o Obrigado entraram lá pra dentro da boca do menino que continuava dormindo, mas que ia acordar não ia demorar muito porque já estava amanhecendo.
De manhã, o menino levantou da cama logo cedo e foi tomar café com leite e comer pão com manteiga, antes de ir para a escola. Chegou à cozinha e disse para sua mãe como sempre fazia:
— Quero meu café com leite e meu pão com manteiga... — nisso ele sentiu um beliscão na língua,  abriu a boca e completou — por favor.
A mãe ficou espantada com aquilo, mas não disse nada. Quando ela serviu o pão e o café, o menino sentiu outro beliscão da língua, abriu de novo a boca e, para novo espanto da mãe, lá de dentro saiu:
— Obrigado, mãe.
A mãe comentou com o pai o que tinha acontecido e os dois ficaram muito contentes com o comportamento educado do filho.
Naquele dia na escola, com os professores, os amigos, os funcionários não foi diferente. Toda vez que o menino precisava de alguma coisa, sentia um beliscão na língua, abria a boca e de lá vinha o Por Favor e depois o Obrigado.
No dia seguinte foi igual e dali para frente o Por Favor e o Obrigado do menino foram ficando cada vez mais fortes, por que eram sempre usados, até que chegou o dia que não precisaram mais beliscar a língua do menino para sair. Eles saíam normalmente sem nenhum esforço.
E todos passaram a admirar o menino que deixou de ser considerado mal-educado e passou a ser um exemplo de menino bem-educado. 

(do livro “54 histórias que minha avó contava na kombi”)
http://www.asabeca.com.br/detalhes.php?sid=29032015151549&prod=6201&friurl=_-54-HISTORIAS-QUE-MINHA-AVO-CONTAVA-NA-KOMBI-_&kb=1073#.VYaqcPlVikq

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