sábado, 3 de janeiro de 2015

SINTAXE CONJUGAL

Os amigos todos procuraram auxiliar
aconselhando, admoestando, ajuizando, argumentando
tanto era o amar com jeito infinitivo.
O gesto exprimido com abundância participativa não foi aceito.
Foram engolidas pelo vento as vozes passivas.
Manteve irredutível posição radical
categórico afirmou em voz ativa:
— Não falarei mais nada sobre esse tema.
Se no início seu indicativo futuro
sugerira desinência mais que perfeita
a descoberta daquela forma um tanto irregular
com a qual ela haveria de ter conduzido o futuro do pretérito
abolia o condicional da conjugação no modo subjuntivo.
Era impossível aceitar a concordância do pretérito imperfeito
da ex-amante com seu modo imperativo
de encarar a vida. Assim justificou o comportamento defectivo.

(do livro “Poesia... Afinal pra quê?”)
http://books.google.com.br/books?id=WesXBAAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false

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