me considero um sujeito manso
entre sorrisos não me canso de pensar (com esforço)
“ainda venço esse peso”
além disso, acho que nasci para dançar
porque desde cedo entrei na dança
ainda no berço
minha mãe contava, eu dançava e sorria
agitava as perninhas como uma dança dando risada, talvez querendo chamar a atenção para lembrar que a mamada estava atrasada
na adolescência
quando meu pai tossia, por causa do catarro do cigarro que precocemente o levou para o túmulo e se exaltava pelo efeito do álcool
eu, para relaxar a tensão, sorrindo dançava
quando minha mãe se punha a soluçar, por causa da sua eterna infelicidade
eu, para tentar alegrá-la, dançando sorria
mais tarde
se me provocavam, sorria e ensaiava uns passos de dança
nem que fosse a dança de rato
e por isso digo que sou um sujeito manso
predestinado sorridente dançarino pesado
pra não arriar eu danço pra não chorar eu rio
e assim procuro aliviar minha sobrecarga
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