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segunda-feira, 26 de agosto de 2024
O agora já era!
domingo, 18 de agosto de 2024
Sobrepeso
me considero um sujeito manso
entre sorrisos não me canso de pensar (com esforço)
“ainda venço esse peso”
além disso, acho que nasci para dançar
porque desde cedo entrei na dança
ainda no berço
minha mãe contava, eu dançava e sorria
agitava as perninhas como uma dança dando risada, talvez querendo chamar a atenção para lembrar que a mamada estava atrasada
na adolescência
quando meu pai tossia, por causa do catarro do cigarro que precocemente o levou para o túmulo e se exaltava pelo efeito do álcool
eu, para relaxar a tensão, sorrindo dançava
quando minha mãe se punha a soluçar, por causa da sua eterna infelicidade
eu, para tentar alegrá-la, dançando sorria
mais tarde
se me provocavam, sorria e ensaiava uns passos de dança
nem que fosse a dança de rato
e por isso digo que sou um sujeito manso
predestinado sorridente dançarino pesado
pra não arriar eu danço pra não chorar eu rio
e assim procuro aliviar minha sobrecarga
domingo, 11 de agosto de 2024
Tarde demais
embora diferentes somos iguais num ponto
nosso fim comum é virar pó um dia
essas palavras pedestres representam situação que creio só podemos inferir por analogia porque na hora desse nosso ver para crer sob o ponto de vista terrestre nosso eu não estará ali pra conferir
eu por exemplo quando estiver presente nesse fim de festa mundano caso ainda tiver consciência de mim talvez assim pensasse:
— ah quisera ter dado e recebido mais beijos desviado os olhos do meu umbigo agido às claras sem a camuflagem da meia-luz trocado o áspero pelo suave empregado discurso aberto e franco em vez de murmúrios cheios de subterfúgios sentido piedade em lugar de crueldade pretendido tesouros mais puros em vez do dinheiro até o total esfacelo e principalmente amado o próximo como a mim mesmo
e provavelmente ainda concluiria:
— pena isso não ter acontecido mas agora é tarde nada mais pode ser feito
domingo, 4 de agosto de 2024
Só
constrito em meu canto desfio meu canto
suas idas e vindas suas voltas em ritmo frouxo
melodia abafadiça desarmonia
meu devaneio
se me fosse dado sabê-lo sintonizado
nem que fosse a ouvidos moucos
meu balbucio rouco
clamor de velho criança parado no era uma vez
perdido na melancolia de sonhos desfeitos num sopro
vã esperança de confundir poesia com vida
tentativa para um viver melhor
dono somente de letras gastas quais velhas putas
que se dão a qualquer um a qualquer preço
para formar fatigadas frases roubadas do baú da literatura
lamentosa voz obscura que quer clamar amor
e sucumbe sem estrondo à porfia da realidade
e se sente carente de sentido
dilatando os limites desta densa sombra escura
que insiste em me envolver