mandatário o mercado
sob a tutela do capital
grande valor tem o mal
quem ficar fora tá ferrado
rodam as estações no tempo inexorável
rola pela inóspita encosta da ética
ribanceira abaixo a moralidade
ronda o pressentimento que deve piorar
murcha mais uma árida primavera
passa a gotejar o suor
sob o sol escaldante
de outro verão sufocante
cobertos de pedras pontudas os caminhos
orlados por espessa erva daninha
conduzem a profundo precipício
vastidão do tripúdio ao estropício
surpreendida a alma por gélido sopro
arfa um instante depois imóvel se cala
braço invisível na voragem põe o corpo
matéria perecível do sentir não sabe a fala
mesmo quem quer se soltar da terrível teia
tendida sobre a cabeça se esgarça vacilante
entre recusar ou assentir em ceder a veia
para vampiros sugar o sangue pulsante
chegam aos confins do mundo
os ares mais insalubres
todo recanto tem um canto imundo
a situação é cada vez mais lúgubre
pela fresta do ralo da pia
furtivamente circulam baratas ao léu
indiferentes à lua cheia
brilhando alta no céu
no chega pra lá alegres ainda que breve
todos caminhamos certeiro pro beleléu
como se fora antes hora de festa
até o raiar do dia rindo à beça
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