domingo, 21 de janeiro de 2024

Pro beleléu

mandatário o mercado

sob a tutela do capital

grande valor tem o mal

quem ficar fora tá ferrado


rodam as estações no tempo inexorável

rola pela inóspita encosta da ética

ribanceira abaixo a moralidade

ronda o pressentimento que deve piorar


murcha mais uma árida primavera

passa a gotejar o suor

sob o sol escaldante

de outro verão sufocante


cobertos de pedras pontudas os caminhos

orlados por espessa erva daninha

conduzem a profundo precipício

vastidão do tripúdio ao estropício


surpreendida a alma por gélido sopro

arfa um instante depois imóvel se cala

braço invisível na voragem põe o corpo

matéria perecível do sentir não sabe a fala


mesmo quem quer se soltar da terrível teia

tendida sobre a cabeça se esgarça vacilante

entre recusar ou assentir em ceder a veia

para vampiros sugar o sangue pulsante 


chegam aos confins do mundo

os ares mais insalubres

todo recanto tem um canto imundo

a situação é cada vez mais lúgubre


pela fresta do ralo da pia

furtivamente circulam baratas ao léu 

indiferentes à lua cheia

brilhando alta no céu


no chega pra lá alegres ainda que breve

todos caminhamos certeiro pro beleléu

como se fora antes hora de festa

até o raiar do dia rindo à beça

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