domingo, 15 de agosto de 2021

Palavra puxa palavra

deixo a alma na gaveta da cômoda
para mim assim é mais cômodo
visto o melhor terno
visto que o compromisso é coisa séria
e não sou gente de andar por aí
feito um coitado
não é presunção não  
mas na rua só saio no aprumo
gasto mil e mais mil se for preciso 
ignoro o aviso de cobrança do banco 
não me importo de perder o prumo
depois corro pra desfazer o nó
velho com outro novo
antes de sair rodopio no meio da sala
e juro de pés juntos
não permanecer mudo
o assunto sendo política
porque aí o buraco é fundo e escuro
e minha cabeça fica tonta 
chego quase a perder o sentido
mas eu gosto a voz fica fanhosa 
faz parte do aprendizado de mentir
com primor pro povo carente
sempre tão voraz
por uma fala que o embale
e enxugue suas mazelas 
não me envergonho de pensar dessa maneira
todo mundo sabe que é verdade cristalina
todo mundo quer tratamento de cachorro
de madame e barras de ouro
entulhando o cofre de aço 
visto que chegada a hora do velório
toda a ganância vai de embrulho
defunto não pisca mais o olho

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