domingo, 10 de novembro de 2019

Fingo ergo sum

não abro mais a boca a todo este descalabro
agora para mim nada mais importa
para falar em poucas palavras estou farto
saturei chega arre

tarefa vã querer desvelar o mistério do mundo
quando basta tão somente se deixar existir
seguir pelas ruas da cidade o vaivém da multidão
acaba o dia vem a noite pra depois amanhecer etecetera 

bobagem preocupação com o intocável destino
o problema realmente grave é qual o destino
a ser dado ao lixo aos milhões de toneladas
diariamente gerado espalhados pelas estradas

bem pior então são as crianças abandonadas
sem esperança futuros ladrões ou mendigos
tendo o chão como colchão se a tanto forem dignos
cuja subumana existência não necessita de relógio

entrementes volto a minha monotonia crônica
onde dia após dia enterro meus íntimos desejos
de onde com dificuldade saio quando colo a máscara
da falsidade à cara porém voltar para ali logo almejo

em conclusão ao que disse no início
doravante vou manter meu bico fechado
debaixo de seja qual for o fogo cruzado
curtindo despropositado penar fictício

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