sabe querida sabina
você não é mais uma menina
assim espero vai compreender
o que eu tenho pra lhe dizer
por favor não confunda minha conduta
como se fosse a de um caga-regras
desses tantos nobres pessoas
negociantes do ramo de autoajuda
que fraternalmente pretendem nos impingir
é apenas uma pequena digressão
de quem não tem mais nada
de útil a fazer no vazio da vida
caso não lhe agradar
cara sabina
pode jogar na latrina
vou procurar aceitar
é claro que você já deve ter observado
que todos temos os mais diversos tipos
de desejos os quais eu me atrevo
a dizer pertencem a três categorias
os necessários
os desnecessários toleráveis e
os intoleráveis
beber água pra mais de litro todo dia
faz parte da primeira
uma taça da vinho durante as refeições
da segunda
de um gole uma garrafa de cachaça
da terceira
você sabina
sabida como é saberá encontrar
outros exemplos pertencentes não só à
família dos líquidos como é aqui citado
mas também à dos sólidos dos pastosos e gasosos
além de outros mais
normais nem tanto e anormais
evidentemente que isso tudo é relativo
como tudo ou praticamente quase tudo
naquilo que é relativo à vida o é
tanto na ida quanto na volta
sem contar com as reviravoltas
daí que pra uns o certo é de um jeito
pra outros de outro
ademais depende se vai rolar algum
pra uns tantos tanto faz como fez
varia com a vontade do freguês
e pros restantes de jeito nenhum
digamos estes versos aqui versados
para mim tão necessários
para uns poucos benevolentes talvez
desnecessários porém toleráveis
enquanto pra uma imensidão são
absolutamente intoleráveis
todavia de qualquer maneira
querida sabina
permita que insista no tema
e lhe peça que ouça
com atenção o que digo
aceitando minhas palavras
como um conselho de amigo
procure controlar seus desejos
sendo sempre uma pessoa esperta
mas esperteza no bom sentido
aquele da direção correta
que é a que conduz à conquista
da soberania do bem comum
nesse objetivo insisto
nunca desista
porque você
estimada sabina
apesar de jovem já deve ter
começado a perceber que
a vida é cheia de armadilhas
com facilidade saímos da boa trilha
enveredando por terreno pantanoso
que nos emporcalha de lama
não o corpo
mas a alma
pântano do qual com frequência
não conseguimos mais escapar
e nele sucumbimos na indecência
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