domingo, 2 de dezembro de 2018

PT 12 ─ amiga estou inebriado pela voz

amiga estou inebriado pela voz
que sai desta tua matraca
ah! se tivéssemos a sós...
francamente não sei se é boca ou cloaca

quando se abre lançando petardos
que explodem em meus ouvidos
estarrecido aqui fico no aguardo
implorando que cesse o zumbido

minha casa de veraneio na praia
comprada com tanto sacrifício
com a separação ficou pra lacraia
até o fim só me causou malefício

pelo menos agora estamos distantes
graças a deus me sinto menos aflito
desejo que mesmo sob sol escaldante
o ar sobre ela se anuvie de mosquito

não me creio digno sequer de pensar
no que meu saudoso pai cansou de dizer
com essa jararaca filho não deves casar
ouve minha advertência tu vais se foder

porém tapei os ouvidos pro sábio conselho
fui estúpido falei pra ele não meter o bedelho
mas a união nascia alimentada com o fermento
da discórdia causadora de todo meu desalento

dei tudo de mim e sempre estava no fundo
vivia meditabundo na iminência do fim
tentei um lance arriscado fiquei petrificado
traição era tarde pro meu coração covarde

assim me esvaziei de mim
como um objeto abjeto
dejeto lançado no esgoto
tratado como um cara escroto

inútil destroço atirado no abismo
fosso escuro pra curtir acritude
se fosse minha maior virtude
o cinismo

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