segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Feliz Natal

rola pela inóspita encosta
da ética
ribanceira abaixo
a moral

mandatário o mercado
sob a tutela do capital
pouco valor têm o bem e o mal
quem estiver fora está ferrado

rodam as estações no tempo inexorável
ronda o pressentimento
apesar das aparências em contrário
que as coisas vão de mal a pior

murcha mais uma árida primavera
passa a gotejar o suor
sob o sol escaldante
de outro verão sufocante

cobertos de pedra os caminhos
orlados por espessa erva daninha
conduzem pra profundo precipício
vastidão do tripúdio ao estropício

surpreendida a alma por gélido sopro
arfa um instante depois imóvel se cala
braço invisível na voragem põe o corpo
matéria perecível do sentir não sabe a fala

mesmo quem quer se soltar da terrível teia
tendida sobre a cabeça se esgarça nutante
entre recusar ou assentir em ceder a veia
para vampiros o sangue sugar radiantes

chegam aos confins do mundo
os ares mais insalubres
todo recanto tem um canto imundo
a situação é cada vez mais lúgubre

pela fresta do ralo da pia
furtivamente
baratas apreciam a lua cheia
brilhando alta no céu

um dia todos vamos pro beleléu
mas por ora é hora de festa
assim alegres ainda que breve
riamos até o raiar do dia

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