domingo, 26 de agosto de 2018

Um par ímpar

ir além dos braços
no abraço
tecer e ser tecido
pulverizar-se
no enlaçar-se
deixar de existir como indivíduo
passando a existir dentro do outro
abrir-se ao estranho
abismando-se no outro
reconhecer a alteridade
sem perder a própria identidade
aprender a gerir um corpo alheio
sabendo guiar o próprio corpo
ir da superfície mais visível
até o escuro âmago invisível
tocando lá no fundo a alma
ouvir dessa junção pulsante de espírito e matéria
foco de felicidade e sofrimento
seus ecos festivos e lúgubres
saber o que fazer
mesmo sem saber que sabe
e então fazer

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