homens mulheres
velhos crianças
jovens adultos
ricos pobres
de dia de noite
cotidianamente
mais e mais e mais
nos atropelamos pelas ruas
ávidos de ter
tomados pelo desejo
alucinante de consumir matéria
debruçamo-nos sobre as vitrines
na busca desenfreada
de todo tipo de coisa-objeto
donde proviria tal cupidez?
seria de fato necessária tanta matéria?
ou seria por sentirmos tudo se perdendo
é que insistimos nessa loucura de procura?
e se nos curvássemos mais amiúde sobre a vitrine
não essas de fora mas a de dentro a escondida
infinita incomensurável mágica encantada
única capaz de nos levar passear pela vida?
de revelar nosso outro rosto o rosto verdadeiro?
talvez ali descobríssemos que disso tudo aí
não necessitamos nada ou quase nada
talvez descobríssemos outro tipo de desejo
a avidez de ser
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