domingo, 25 de fevereiro de 2018

Matéria-prima poética

a matéria-prima da minha poesia é água
às vezes utilizo ar
para fazer a minha poesia uso também uma peneira
destas com abertura larga própria para peneirar pedra
ou outro material semelhante
pego a peneira e peneiro água
igual como aquele menino do manoel
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
peneiro só um pouco de água não muito
água é um bem muito valioso pra ser desperdiçado
o que fica retido na peneira é a minha poesia
quando pretendo construir um poema mais leve
substituo água por ar
neste caso o peneiramento é mais trabalhoso
provoca desperdício maior de matéria-prima
agora confesso a vocês o seguinte
gostaria que minha poesia fosse fogo
incendiasse almas espíritos corações
mas isso é uma ingênua pretensão
sei muito bem por mais me ludibrie
que minha poesia se já não é será terra
pois como tudo na vida um dia vira pó

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