domingo, 11 de fevereiro de 2018

Jardim de ervas daninhas

do fundo do poço
madrugada tempo estiolado
quieta desventura vadia
espera da morte tardia
jardim de ervas daninhas

onde estão os amigos? os amigos
foram sem rancor sem amor
nada mais tenho a lhes oferecer
não têm mais nada a colher
jardim de ervas daninhas

tornei-me outro estranho de mim
embora o mesmo
sou hoje o quê? nada
nada continuei a ser agora acabado
jardim de ervas daninhas

tornei-me espectro
buraco de pedra e gelo
aqui os amigos não poderiam habitar
então partiram se aborreceram
jardim de ervas daninhas

amigos não mais aguardo
nem fantasmas de amigos
gosto amargo de saudade na boca seca envelhecida
poço escuro de palavras murchas
jardim de ervas daninhas

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