domingo, 24 de maio de 2015

O banquete

De um canto escuro do jardim espreita, pela fresta de uma das enormes janelas laterais, o interior do deslumbrante salão.
A luz dos suntuosos candelabros
As porcelanas. Os cristais. A prataria.
Os assados. Os vinhos. As sobremesas.
O ir e vir dos serviçais subservientes.
As gargalhadas. Os alvos dentes. As joias magníficas.
O burburinho incessante.
Só bem poucos convidados.

Está boquiaberto.
Pelos cantos da boca escorrem dois finos fios de baba visguenta negro-esverdeada.

 — Nossa, é muita comida pra pouca gente!

Mais adiante (do outro lado mal iluminado da rua) uma chusma ignara lentamente segue cabisbaixa sem sequer saber da sua existência.

(do livro “Contos Medonhos”)
https://books.google.com.br/books?id=ZZcuBQAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r#v=onepage&q&f=false

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