domingo, 16 de junho de 2024

O poema

o poema que pousa diante dos olhos 

é um pássaro vindo de alhures 

talvez trazendo no bico um augúrio

ou alguma espécie de outro alimento 

se ignorado ele alça voo como se ali fosse um galho ao relento

vai à procura de outro pouso ver se tem um instante de atenção 

e pode ter sido perdido o encanto da ocasião de mergulhar no espanto 

de saber que o alimento que ele oferecia

talvez amenizasse um pouco uma agonia 

talvez desse algum alento a uma estreita alegria


ou por mero acaso então, 

o gesto de ignorá-lo evitou que se ingerisse algo indigesto 


por que não? 

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