como quando num sonho acordado
de repente nascesse um vago desejo
de tentar ao menos remotamente
entender o que está acontecendo
e
conseguisse distinguir apenas vultos
sob uma luz amarelada que se esvai
e
ainda assim procurasse divisar
desesperadamente
ao menos um rosto na penumbra que
fornecesse algum mínimo indício
e
o próprio desespero dificultasse a procura
e
fosse capaz de captar somente que
o tom geral é de completo descontrole
e
sentisse entrementes um círculo
se fechando em torno obrigando
a ficar imóvel com cara de tacho
parecendo não poder mais contar
com o auxílio nem do pensamento
e
a zoeira do sangue nos ouvidos
impedindo de perceber palavras
e
ao mesmo tempo a desordem interna
deixando como agudo alerta
que o vago desejo se perdera no vácuo
e
concluísse que nada disso tudo poderia ser real
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